quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Cuba - Havana, o regresso ao passado

Dia 23 de Dezembro começou uma das mais atribuladas viagens dos últimos anos. Pouco depois de chegarmos ao aeroporto, recebemos um um e-mail da Iberia a avisar que o nosso voo estava uma hora atrasado, devido ao nevoeiro...

Que nevoeiro? no caminho para o aeroporto, não havia sequer vestígios, mas agora, espreitando pelas janelas efectivamente não estava o mais azul dos céus. Lembro-me vagamente de ter pensado que o intervalo entre os 2 voos (Lisboa-Madrid → Madrid-Havana) não era grande, mas confesso que não me preparei devidamente para a possibilidade de perder um dia de férias por causa de um bocadinho de nevoeiro.

Com uma hora de atraso embarcámos, mas apenas para ficar mais uma hora fechados dentro do avião, e aí sim, começou a cair a ficha e com a fome a apertar, e as horas a passar percebemos que o início das nossas férias estava adiado por um dia, e ainda por cima, a nota mais negativa que posso dar a uma companhia aérea vai direitinha para a Iberia!!

O voo estava marcado para as 12:30, com chegada a Madrid às 14:55 (hora local), portanto menos de hora e meia de voo em plena hora de almoço, era previsível passar um bocado de fome se não houvesse refeição a bordo, mas em Madrid teríamos oportunidade de repor calorias, e depois no voo para Havana as refeições estavam garantidas, mas com este atraso, acabámos por jejuar o dia todo!
A Ibéria foi completamente insensível! Tive que subir o tom e avisar que entre nós havia um diabético em jejum, para se dignaram arranjar um minúsculo pacote de amendoas rijas e um micro pacote de bolachas de água e sal, e só mesmo para o diabético!!!!! 

A antipatia do pessoal de bordo era inacreditável! Aliás no regresso, também na ligação de Madrid para Lisboa a cena repetiu-se, e a antipatia do pessoal de bordo foi a condizer! Nunca tinha visto nada assim em nenhuma das viagens que fiz até hoje. Foi muito mau mesmo, e espero conseguir evitar a Iberia para o resto da minha vida!!! 

Aterramos em Madrid à hora prevista para a partida para Havana, e à nossa espera estavam mais algumas funcionárias da Ibéria com muita antipatia, e vouchers para alojamento, jantar, transfer e pequeno almoço. Deram-nos indicação de que teríamos que recolher as bagagens, e apanhar o transfer, e ficámos por nossa conta. Dirigimo-nos ao tapete com indicação do nosso voo, e esperámos,... esperámos, e a dada altura comecei a reparar que já só lá estávamos os portadores de vouchers para Havana, dirigi-me ao balcão de informação perguntar se se teriam extraviado as malas. Nesta altura a minha opinião relativamente à Iberia já estava num nível muito baixo, mas mal eu sabia que ainda havia tanto para descer!....

Afinal era suposto nós, os burros do voo atrasado, termos adivinhado que era preciso ir ao balcão pedir as malas!!! então não é tão óbvio!? claro que era, nós (que viajámos na Ibéria) é que somos uma cambada de burros!...

Uma hora depois de termos desembarcado, e num tapete de bagagens diferente lá apareceram as nossas lindas malas de porão, ambas personalizadas pela filhota com muito carinho, uma com umas lindas sardinhas lisboetas, e outra com o Empire State Building, só que assim que a segunda tocou no chão verificamos com horror que faltava uma roda! 😞
Era a mala maior, com quase 23 kg de peso, e tínhamos pela frente muitos transferes, pelo que o panorama não era animador.
Voltámos ao balcão de informação, foi aberto um incidente, explicámos que tínhamos pela frente 9 transferes para fazer com a mala naquele estado e pedimos solução, e a solução que nos foi dada com muitos maus modos foram 2 ou 3 números de telefone, e a informação de que tínhamos direito a 2 telefonemas de 3 minutos cada um de nós!...

Para resumir uma história longa,vou apenas dizer que ninguém conseguiu ser atendido em nenhum dos números que nos deram, e todos os funcionários do hotel Meliá Barajas, (grande contraste em simpatia relativamente ao pessoal da Iberia) tentaram!...

Entretanto, tínhamos marcado 2 tours com o Boris, (o "Guru" dos tours em Havana) para dias 24 e 25, pelo que entrei logo em contacto com ele, e reagendei sem problema (mais um grande contraste com a antipatia da Ibéria) para 25 e 26, só que 26 já era suposto irmos para Varadero, e aqui tenho que deixar um grande aplauso para a equipe da Top Atlântico Av. da Igreja, que contactámos enquanto tratávamos das malas, e que com  muita simpatia, grande profissionalismo  e sem custo adicional alteraram o programa da nossa estadia em Cuba, passando de 3 dias em Havana mais 4 em Varadero, para 3 dias em cada lado, alterando transferes e tudo o mais que estava em jogo, e que correu lindamente! É uma grande equipe, com um grande líder 😊

Jantámos às 20:00 horas, depois de um dia inteiro de jejum, e no dia seguinte continuámos a tentar telefonar, mas tivemos que seguir viagem com a mala partida. Se soubesse o que sei hoje, nem sequer teria perdido tempo a tentar, e teria ido logo ao centro comercial que havia perto do hotel comprar uma mala para posteriormente apresentar a conta à Iberia.

O voo para Havana seguiu no dia seguinte, e à noite ainda conseguimos fazer um pequeno reconhecimento, descendo até ao Malecon.




A vista nocturna no nosso primeiro quarto:




E porque era noite de natal, cumpriu-se a tradição.

E vista diurna do primeiro quarto:

No dia seguinte, o Boris esperava-nos à hora combinada com um carro dos anos 50 e fomos conhecer um pouco da chamada zona moderna de Havana.

Visitámos a Fusterlandia, que é um bairro Jaimanita totalmente decorado pelo artista José Rodriguez Fuster.
















Um Habitante do bairro:

Fidel sempre presente:

E o Granma Yacht, o navio que levou Fidel Castro e mais 81 revolucionários a Cuba em de Dezembro de 1956, a fim de levar adiante a Revolução Cubana, e derrubar Fulgêncio Baptista.

Uma das grandes inspirações de Fuster foi Gaudi, e a ele dedicou um mural:

Nem as placas das ruas e as paragens de autocarro escaparam à intervenção do artista!



O nosso transporte deste dia:

De seguida visitámos um pouco da selva tropical Isla Josefina no grande parque metropolitano de Havana - Parque Almendares, que acompanha a margem do rio com o mesmo nome e que é também conhecido como o bosque de Havana.
Trata-se de uma área protegida de 10 hectares se podem praticar inúmeras actividades, e que é usado para a pratica de rituais de Santeria.





Os vestígios dos rituais são mais que muitos, e dão um  aspecto um bocado sinistro ao lindíssimo bosque!




A limpeza é feita recorrendo a métodos naturais,.....



São imensos os abutres que ali andam em busca de alimento!



O nosso transporte:



A diversidade e originalidade de meios de transporte é grande, mas predominam os veículos com mais de 50 anos, mas na realidade estes carros só são antigos por fora, e quase todos estão equipados com modernos motores japoneses e até ar condicionado e vidros eléctricos têm!



Cocotaxi!,... experimentamos um e confesso que foi uma experiência inesquecível! 😁



Não podíamos deixar de visitar a Plaza de la Revolucion, onde as figuras dos 2 revolucionários Che Guevara e Camilo Cienfuegos dominam, e onde Fidel proferia os célebres discursos de várias horas.






Não podia faltar a visita à estátua de John Lennon.


Voltámos à zona "moderna" da cidade, e a degradação do edifícios é notável!








E claro, o icónico Hotel Nacional:






Nos jardins do Hotel existe ainda uma trincheira que é visitável a Cueva Taganana.















Regressámos ao Hotel - Tryp Habana Libre do grupo Meliá, antigo como quase tudo em Cuba, e em estado de avançada degradação, mas ainda assim majestoso, como se pode ver pelo Lobby:


Originalmente foi construído como Hilton Habana, e é o mais alto de Havana, com uma vista sobre a cidade de cortar a respiração!

Como inda era cedo fomos dar uma volta a pé.









E finalmente comprámos um cartão para aceder à internet:



É suposto dar uma hora de internet, mas nenhum dos que comprámos durou tanto, e o acesso só é possível em muito poucos locais, que se encontram facilmente pois há sempre muita gente de telemóvel em punho!...

Acabámos o dia a ver o sol desaparecer no Malecon, e como o cansaço já era algum, resolvemos regressar de Cocotaxi!...

O ar receoso após uma viragem a 90 graus com uma roda no ar!...

A nossa divertida Cocotaxista era iniciante numa religião em que durante o primeiro ano só podem vestir branco, e não podem tocar em dinheiro!