segunda-feira, 25 de julho de 2011

Como tudo começou....

Desde Janeiro de 2010 que andava para ir a Albinea, em Reggio Emília onde a minha filha viveu durante um ano, com uma família de acolhimento que a recebeu como filha adoptiva ao abrigo do programa de intercâmbio de estudantes da AFS Intercultura, mas infelizmente, por razões de doença na família, a visita foi sendo sucessivamente adiada, e só este verão conseguimos finalmente lá ir.

Como cá em casa não temos muito juízo, fomos de scooter, e tudo começou assim:

“mãe, no verão eu já vou ter carta de motociclos, por isso podíamos ir de mota!?...”

“És maluca? De scooter até Itália!? Já não tenho idade para isso!”

“Já da outra vez disseste o mesmo, e depois fomos ao Porto e foi divertido!!”

“…estás a falar a sério? Perdeste mesmo o juízo de vez!
O Porto é um bocado mais perto do que a Itália!”

…á noite, conto o diálogo ao meu GPS, e a reacção inicial dele foi idêntica à minha. Simplesmente era uma ideia maluca, até mesmo para nós que ás vezes não temos muito juízo, mas no dia seguinte ela volta à carga…

“Então, já pensaram no assunto?”
“Ó filha é muito longe, e além disso iria sair muito caro e não temos dinheiro para isso! Vamos de carro que sai muito mais barato! Afinal 3 motas são uma média de 11 ou 12 litros de gasolina em cada 100 km, e portagens em triplicado, e o carro só gasta 4 ou 5 litros de gasóleo por cada 100 km”

“Pois, mas no carro vou a dormir e ouvir música, sem ter mais nada para fazer, e é bué secante! De mota sempre estaria ocupada a conduzir!”

…á noite…

“Ela já não deve passar mais férias connosco…”

“Se calhar devíamos ponderar…”

“Afinal, até talvez fosse divertido…”

“Pelo menos seriam umas férias bem diferentes…”

“…mas não temos dinheiro…”

… e ela volta à carga…

“Já tou a ver que vou acabar numa seca de férias com vocês!”

“Vá lá, vamos de scooter a Itália…. Vá lá!... É só uma vez…”

Á noite…

“Será que ela aguenta?... Não tem calo nenhum…”

“Podemos fazer uns testes, por exemplo vamos a S. Torpes abrir a época balnear e logo se vê como se porta”

“E onde vamos arranjar dinheiro?...”

“Bem, … só se… bem, …era para emergências, mas… estamos a ficar velhos e talvez já não haja assim tantas oportunidades de fazer umas loucuras destas, e realmente férias com a filha…”

Bem, quando dei por isso estava assente que iríamos os 3 de maxiscooter até Albinea, e como à vários anos que ando com vontade de ir à Croácia, e já que até nem é longe, …

As Maxis foram preparadas na MotoBelas, pelo grande César, o mecânico em quem confiamos e que nos dá aquela confiança que precisamos para sair numa viagem destas, a Majesty (IZzi) foi equipada com uma Top-case a Burgman (Zuky) com uns alforges e a Sym (FiFi) não precisou de levar nada porque já trazia top-case quando a comprei.

Dia 28, por volta das 9:30 da manhã fizemo-nos à estrada com um plano ambicioso – ir dormir a Toledo, e sem antes fazer o tal treino até S Torpes por absoluta falta de tempo.

Era demasiado ambicioso para as circunstâncias, e ia-nos saindo muito caro!...

Na área de serviço de Palmela esperavam por nós os companheiros Gonçalves, para nos entregar a “bandeira viajante”, que já tinha viajado connosco a Madrid, e que levámos com o compromisso de fotografar nos vários locais por onde iríamos passar, e enquanto tomávamos o pequeno almoço apareceu mais um maxi-companheiro para a despedida.  




Eu e o meu GPS temos Scala Rider G4 e vamos em contacto, mas a filhota não tinha, em parte porque o orçamento era limitado, mas também porque achei que era cedo demais para ela começar a ter acesso a distracções como por exemplo o telemóvel durante a condução, mas este foi um de vários erros que cometemos!

Ela tem 18 anos, uma vida social intensa que a faz chegar a casa sempre de madrugada, e andava em exames do 12º ano, tendo feito o último na véspera da partida.
Além disso, andou a trabalhar nos censos, e é escoteira!
Estava cansada e a tomar medicação que entre outras coisas dava alguma sonolência, mas como é jovem desvalorizou, e nós que já temos muitos cabelos brancos também desvalorizámos, e as consequências iam sendo graves!

Rolámos cerca de 450 km com muitas paragens porque ela estava com sono, e o caminho para Toledo é mesmo muito monótono.



O pai seguia à frente, ela no meio e eu sempre a fechar a caravana.
É sempre assim quando vamos os 3 mas de repente, após uma ultrapassagem a um camião, vejo-a encostar-se ao separador central, em vez de retomar a faixa da direita. Embateu no separador central, a mota caiu para o lado direito, e não sei como, ela ficou sentada muito direita sobre o lado esquerdo da mota que simplesmente deslizou por mais de 50 metros até se imobilizar na valeta cerca de 1 ou 2 metros antes de começar o rail do lado direito da estrada.

Estavam 39 graus de temperatura, e ela tinha despido o casaco, mas não sei como, nenhuma parte do corpo tocou no alcatrão, a não ser os pés.

As botas ficaram assim:



Só fez uma queimadura minúscula no pé direito, e um hematoma na perna!...





A mota ficou assim:



Simplesmente derreteu a lateral direita, e perdeu o protector do escape, tendo derretido parte do apoio do mesmo.

Toledo é lindo, e para descansar um pouco e avaliar estragos, ficamos lá um dia.












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