domingo, 3 de julho de 2016

Marrocos - O Deserto

Acordámos antes das 04:00 e à hora combinada lá estávamos à porta do hotel.
As nossas motas estavam guardadas dentro de uma mini arrecadação a céu aberto, mas fechadas a 7 chaves e "guardadas" por um guarda que tive que ir acordar, pois tinha deixado o tripé na OLga.
O Guia chegou. Não fixei o nome, mas tenho ideia que era mais um Hassan, mas por esta altura já tínhamos adoptado a fórmula do companheiros Geraldescity do Rocking Abroad e chamávamos "Mohameds" a todos os marroquinos, apesar de em boa verdade, não nos ter calhado nenhum Mohamed.
Arrancámos pela noite dentro, e estava uma noite bem escura! ainda andámos alguns km em estrada, mas a maior parte do trajecto já foi feito fora de estrada, na mais completa escuridão, aos saltos e solavancos. Confesso que foi um bocado assustador :-O
Uma coisa tenho que dizer em abono da verdade! senti-me desconfortável com muita coisa em Marrocos, mas nunca me senti verdadeiramente insegura, coisa que infelizmente não posso dizer quando ando de noite na rua, na minha cidade...
Mas admito que enquanto ia aos saltos dentro de um jeep desconhecido, conduzido no meio da escuridão, por um completo estranho num país tão diferente, me passou pela cabeça que talvez não fosse a coisa mais sensata que fiz na vida. A verdade é que foi apenas um pensamento fugaz, pois tal como já tinha lido em blogues e fóruns, não há registo de situações de perigo por aquelas bandas, a não ser o perigo de ser levado a comprar alguma coisa que não  se quer por um preço exorbitante ;-)
Finalmente chegamos a um edifício, um Kasbah no meio do deserto, e o "guia" disse-nos para sentar um pouco a descansar.


Aproveitámos para fazer as honras ;-)


Lembro que o combinado com o recepcionista era que o guia não nos tentaria vender nada!...
E ele "cumpriu"...
Mas claro que mal nos deixou no Kasbah, desapareceu, e por "milagre", apareceram outros "Mohameds" que nos tentaram impingir uma viagem de camelo nas dunas...
Recusámos, alegando que o marido tinha medo de camelos, e resultou ;-)
O guia reapareceu passado um bocado, e não gostou muito que tivéssemos recusado os camelos, porque isso o obrigava a levar-nos a pé até ás dunas.
Mas lá nos encaminhou até ao início das dunas, e indicou-nos que bastava subir e andar um bocado na "crista" das dunas até encontrar um local que nos agradasse para ficar à espera.
Assim fizemos!
Com os telemóveis a servir de lanterna, lá fomos galgando as dunas, e "abancámos" na crista de uma duna à espera.
Algum tempo depois, começa no horizonte a surgir uma muito ténue luz...


Fomos "brincando" por ali, e ouvíamos vozes á distância, mas naquela altura eram apenas vozes, pois não se via absolutamente nada.








E há hora marcada, ele rompe!





Lindo!

À nossa volta, as dunas começam a ganhar forma, e um colorido que nunca tinha visto em lado nenhum!




Começam a vislumbrar-se silhuetas ao longe de pessoas e de camelos.



E de dentro uma pequena toca na areia, surge um habitante do deserto!




Andámos à nossa vontade, a apreciar a maravilha das cores, e a brincar um pouco com as sombras...






Os meus amigos Marques, habituais companheiros de viagem estão sempre no nosso pensamento, e como a Paulinha desta vez não foi, fiz por ela uma brincadeira que sei que ela adora: descer a duna a rebolar :-)






Os turistas que compraram o passeio de camelo, depois do passeio tinham o ritual de chá, que era servido em cima de um tapete, ali mesmo, no deserto, e claro que entretanto, lhes vendiam tapetes ;-)
É incontornável!



Nós regressámos ao Kasbah onde o nosso guia nos aguardava, e arrancámos pelo meio do deserto, novamente aos solavancos.

De vez em quando lá se encontrava um Kasbah ou  uma Riad, normalmente a funcionar como hotel para turistas TT.






E no meio de nada, também iam aparecendo poços de água, quase sempre com uma mulher a abastecer-se.


A dado momento, o Jeep para, junto de um poço, e o guia mostra-nos como é a água que se bebe por aquelas paragens.


..."por vezes até comemos girinos"...
Ele bebeu, mas recomendou-nos que não fizéssemos o mesmo, como se fosse necessário dizer alguma coisa :-O


A água seguia por um canal, que depois do poço se encaminhava a céu aberto para dentro de um oásis, onde funcionava como canal de rega, e seguimos o guia para dentro do palmeiral.


Mais á frente, num desses  canais de rega, um outro habitante, este um pouco maior:



Alí cultivava-se tudo, desde as amêndoas, passando pelo fruto do argan, até ás couves, iguaizinhas ás que cultivo no meu quintal, só que aqui têm que estar protegidas do sol escaldante por palmeiras, e das tempestades de areia por barreiras feitas de canas.







Mais à frente, novamente no meio de nada, uma casa!
Para o jeep, sai do mesmo e do porta bagagem tira um garrafão de água e manda-nos sair. 

Claro que comentei logo com o marido o que seria que nos iriam tentar vender!...


Com a água do garrafão, molhou umas pedras que havia por lá, revelando uma infinidade de fósseis!







Em volta da casa havia claros vestígios de que alguém ali trabalhava, desenterrando os fósseis, e quase de certeza que a paragem era para alguém nos vender uns quantos, só que o vendedor não estava, e o guia andava de um lado para o outro, à procura, e a falar ao telefone.

Desapareceu para trás da casa e ficou por lá um bom bocado, e quando voltou, deu para perceber o que tinha estado a fazer,... e não era Marlboro ;-)


Claramente o vendedor não estava por perto, e pedi-lhe para regressar, alegando que estava cansada, porque o sol já ia alto, e ali no meio de nada já custava a suportar.


Regressámos a Arfoud, mas ainda antes de entrar na cidade, apanhei um valente susto, pois subitamente o jeep começa a subir por uma colina onde não havia estrada, e foi realmente assustador, apesar de ser visível que o condutor sabia o que fazia e estava acostumado a fazer aquilo.
Valeu a pena!




Em Marrocos encontra-se pessoas nos sítios mais incríveis


Chegámos ao hotel e fiz uma terrível descoberta de que já tinha suspeitas! - tinha-me esquecido do fato de banho!...


Tomámos o pequeno almoço (cadê o reforço prometido na véspera?...)
Enfim... Marrocos é Marrocos ;-)




Fomos dormir um pouco e depois saímos à procura de almoço, e de um fato de banho, mas há coisas mais fáceis de encontrar em Marrocos, na terra onde tudo se vende!...

Almoçámos num pequeno restaurante, ao lado de outro pequeno restaurante onde por coincidência acabámos por jantar nesse dia.


É que à hora de jantar, fartos de comer sempre as mesmas coisas, perguntámos ao "guarda" das motas onde poderíamos jantar em condições, e claro que ele tinha um amigo,...
Descreveu o sítio, e referiu que à porta estaria o carro do amigo, que era o único carro preto de toda a cidade, e quando estava a tentar telefonar para o amigo, pára junto de nós um carro preto, abre-se o vidro, e o condutor cumprimenta o guarda!
Era o amigo!... 
Acho que  foi mesmo coincidência, mas,... Marrocos têm tantas coincidências destas, que é impossível não pensar...
Apanhámos boleia do dono do restaurante, e jantámos exactamente a mesma coisa que tínhamos almoçado!


Sem comentários: